Seminário estimula parcerias entre Brasil e países do Norte da África

Com patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos, do Ministério das Relações Exteriores, da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, do NEPAD, da empresa Brasafic e do Instituto Lula, o evento, conforme destaca o presidente da entidade, professor João Bosco Monte, serviu para que empresários brasileiros conheçam o mercado africano no sentido de estreitar as relações comerciais. O evento contou com a participação de representantes de cinco países do Norte da África: Sudão, Marrocos, Mauritânia, Argélia, Egito.
“O desafio é que os empresários brasileiros compreendam o potencial do mercado do norte da África não apenas pela população dessa região, pelas condições naturais, mas pela localização geográfica, uma vez que produzindo na região há possibilidade de expansão dessa produção para o Oriente Médio e para a Ásia”, afirma.
Hadil Fontes da Rocha Vianna, subsecretário-geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, destacou que a promoção das relações econômicas e de cooperação com os países do Norte da África é considerada de grande importância para o Brasil. Vianna apresentou números do comércio entre as regiões e colocou a necessidade de intensificar as trocas comerciais.
“Nosso comércio com os países da sub-região (Norte da África) tem apresentado constante crescimento, tendo aumentado de US$ 7,8 bilhões em 2010 para US$ 9,1 bilhões em 2014. Com relação ao comércio agrícola, especificamente, observou-se, no mesmo período, crescimento de 18,5%. Com efeito, mais de 70% das exportações brasileiras para o Norte da África são, atualmente, compostas por produtos agrícolas”.
“Faz-se necessário, contudo, que esse relacionamento comercial venha a diversificar-se ainda mais, estendendo-se a produtos de maior valor agregado e de base tecnológica, a exemplo de máquinas e equipamentos agrícolas, automóveis e outros produtos manufaturados, de maneira a nos beneficiarmos da capacidade produtiva e inventiva das indústrias brasileira e africana em favor da prosperidade dos nossos povos”, destacou.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Estado de Cartum, no Sudão, Mudathir Abdulghani Hassan, destacou os custos da produção agrícola na região e afirmou que os gastos com irrigação podem representar até 49,5% do total de custos da produção de vegetais e até 84,2% dos custos da produção de frutas no País.
Larbi Moukharik, embaixador do Marrocos em Brasília, acentuou que a região “tem vocação agrícola”. “O agricultor está se tornando um empreendedor, um empresário”, disse. Larbi ressaltou ainda a profissionalização da agricultura do Marrocos estimulada pelo programa Plano Verde, criado em 2008 para desenvolver o setor.
Já o embaixador da Mauritânia, Abdellahi Nagi, informou que a agricultura do País responde por 14% do Produto Interno Bruto (PIB) e que o setor é estimulado pelo governo nos últimos anos. Em relação ao mercado de peixes, no qual citou, o embaixador disse que ainda não exporta a mercadoria para o Brasil. “Nossos principais clientes são os países da União Europeia e o Japão. A demanda [brasileira] existe, mas não exportamos por processos burocráticos”, confessou. Segundo Nagi, a área também pode oferecer oportunidades de transferência de tecnologia.
Flávio Eduardo Castelar, diretor-executivo do Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla), deu ênfase às oportunidades de produção da cana de açúcar nos países do Norte da África. Castelar acentuou também as possibilidades de ampliação de vendas de maquinário agrícola para o Sudão. “Toda a parte de colheita da cana já é mecanizada, o que abre várias oportunidades para as máquinas. E eles caminham para o plantio mecanizado, coisa que eles ainda não têm”. O diretor destacou, ainda, que a realização de evento dessa natureza começa a quebrar certas barreiras de comercialização entre as diferentes culturas.
Para Paulo Roberto Araujo, chefe do escritório de representação do BNDES na África, “há uma gama de desafios” a ser enfrentado para financiar operações na África. “Esperamos que os acordos comerciais e a cooperação não-financeira aumentem”, disse. Araujo discutiu sobre alternativas de financiamento da mecanização da agricultura na África.
Para o presidente João Bosco Monte, a parceria entre a Fiesp e o Instituto Brasil África marca um novo momento nas ações da entidade que expande sua atuação a nível nacional. Participaram do evento, Antônio Bessa, diretor titular adjunto do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp; Newton de Melo, diretor de Relações Internacionais da Fiesp; Christiani Buani, chefe de programas do Centro de Excelência contra a Fome; Alexandre Trabbold, diretor regional do Instituto Brasil África; Lucas Gutierrez, gerente comercial da empresa Agrícola Famosa; Paulo Roberto Araújo, chefe do escritório do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na África; e Rafael Benke, consultor internacional.