Fórum Brasil África 2025 reforça cooperação e destaca agricultura sustentável, bioeconomia e financiamento verde

O Fórum Brasil África 2025 encerrou sua 13ª edição reafirmando o compromisso entre Brasil e África para promover o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e o enfrentamento das mudanças climáticas. Realizado em São Paulo, o evento reuniu autoridades, empresários e especialistas em torno de uma agenda de inovação, bioeconomia e financiamento verde.

O encontro ocorreu em um momento decisivo, às vésperas da COP30, reforçando o papel do Sul Global na construção de soluções conjuntas. “Pensando na COP30, a agricultura e a segurança alimentar caminham juntas. Suas ideias, lideranças e parcerias vão cooperar para um futuro justo e sustentável”, destacou o presidente do Instituto Brasil África na abertura do evento.

Cooperação e liderança africana

O secretário de África e Oriente Médio do Itamaraty, Carlos Sérgio Sobral Duarte, afirmou que o diálogo sobre agricultura marca “a retomada da prática de realizar grandes eventos em torno da África”, lembrando que o Brasil já mantém 126 projetos de cooperação técnica com países africanos.

Com 65% das terras agricultáveis do planeta, a África foi apontada como protagonista na transição verde. Para Abdalla Shaheen, cônsul-geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo, “é fundamental garantir que a agricultura e a segurança alimentar estejam no centro das questões climáticas”, destacando o compromisso de seu país em fortalecer cadeias de valor e empoderar mulheres e jovens.

Lançamento do livro sobre bioeconomia amazônica

Um dos momentos de destaque foi o anúncio do livro “Potencial dos Produtos e Serviços dos Estados da Amazônia Brasileira nos Países Africanos”, desenvolvido pelo Instituto Brasil África com patrocínio do Banco da Amazônia. A publicação mapeia oportunidades de exportação e cooperação entre a Amazônia brasileira e o continente africano, com foco em bioeconomia sustentável.

“O livro mostra como a Amazônia brasileira e o continente africano podem se conectar por meio da bioeconomia com alimentos, cosméticos e tecnologias sustentáveis que geram oportunidades para os dois lados”, afirmou Luiz Lessa, presidente do Banco da Amazônia.

A diretora-executiva do Grupo DISAM, Leila Zorzetto, destacou que a inovação e a regulamentação de produtos biológicos são essenciais para o avanço do setor. “O Brasil se tornou muito mais competitivo ao oferecer produtos pós-patente com segurança e sob a supervisão de diferentes órgãos regulamentadores. Fomentar a regulamentação de biológicos é um passo fundamental para a autonomia do país”, declarou.

Financiamento e juventude rural

O painel “Financiamento para a Soberania Alimentar” tratou do papel dos bancos de fomento e da inclusão financeira no campo. “O financiamento é o que viabiliza a agricultura ou seria um bom projeto que atrai os investimentos?”, questionou Jorge Arbache, professor da Universidade de Brasília e ex-vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF).

O investidor Philippe Rubini defendeu maior aproximação entre o mercado financeiro e o setor agrícola. “O investidor privado ainda tem dificuldade em enxergar a paixão que move o campo. Precisamos construir pontes que tragam resultados sustentáveis.”

Desafios climáticos e futuro comum

Os efeitos das mudanças climáticas e a necessidade de reter jovens no campo também dominaram os debates. “Temos terras aráveis e jovens, mas poucos incentivos para que permaneçam no campo. Precisamos de tecnologia, irrigação e apoio governamental”, afirmou Stephen Yeboah, da Commodity Monitor Limited.

Para Daniel Balaban, diretor do Programa Alimentar Mundial (WFP), “o Brasil está na vanguarda da produção agroecológica. Temos mais de 100 milhões de hectares de terras degradadas, mas também temos soluções.”

Encerrando o evento, os participantes reforçaram o compromisso de Brasil e África com uma nova agenda de cooperação sustentável.