Cooperação triangular entre Brasil, Guiné-Bissau e Emirados Árabes Unidos qualifica jovens africanos na indústria do caju


O Instituto Brasil África (IBRAF) realiza entre os meses de maio e junho de 2025, uma nova edição do Youth Technical Training Program(YTTP), com foco na capacitação de jovens profissionais da Guiné-Bissau para atuação na cadeia produtiva do caju. A ação resulta de uma iniciativa de cooperação Sul-Sul e triangular entre Brasil, Guiné-Bissau e Emirados Árabes Unidos — estes últimos responsáveis pelo financiamento do projeto.
A formação é realizada na sede da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza, no Ceará — estado que lidera a produção brasileira de castanha de caju e se destaca como relevante polo exportador. Foram selecionados 50 participantes, priorizando a equidade de gênero e experiência prévia no setor agrícola, com o propósito de gerar impactos concretos e duradouros na indústria cajueira da Guiné-Bissau.
A castanha de caju constitui um dos principais pilares da economia guineense, representando mais de 90% das exportações do país. Contudo, o setor ainda enfrenta desafios estruturais, como a necessidade de modernização das práticas agrícolas, melhorias na infraestrutura logística e fortalecimento das exportações legais. A promoção da industrialização local e a consolidação de uma cadeia de valor interna surgem como estratégias essenciais para ampliar a competitividade do produto no mercado global.
A ministra de Estado para Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos, Reem Bint Ebrahim Al Hashimy, ressaltou que a iniciativa reflete o compromisso dos Emirados com o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento de comunidades por meio do conhecimento. “Ao investir em educação e qualificação em setores importantes como a agricultura, estamos contribuindo para o crescimento econômico de longo prazo e a resiliência das nações africanas. Iniciativas colaborativas como esta fortalecem laços internacionais e são essenciais para enfrentar desafios globais como a segurança alimentar e a desigualdade econômica”, afirmou.
Na mesma direção, o ministro de Estado dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Shakhboot bin Nahyan Al Nahyan, destacou que o projeto está em consonância com os esforços do país para apoiar o continente africano em seu pleno desenvolvimento econômico, educacional e humano. Esta iniciativa demonstra o potencial transformador da cooperação internacional, promovendo um futuro mais integrado e colaborativo para o continente”, observou.
Representando a Guiné-Bissau, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades, Carlos Pinto Pereira, enfatizou a importância estratégica da formação técnica para o avanço do país. “Esta iniciativa é muito feliz porque agrupa três países amigos. E, ademais, uma formação em língua portuguesa, o que significa que com maior facilidade os nossos jovens irão aprender o know-how que lhes vai ser transmitido. Hoje será o caju, amanhã esperamos que seja a manga, a pesca, o turismo, setores potenciais para o país.”
Durante missão oficial à Guiné-Bissau, o presidente do Instituto Brasil África, João Bosco Monte, celebrou o anúncio da iniciativa. “É uma honra anunciar a chegada do YTTP à Guiné-Bissau. Trata-se de um programa que o IBRAF desenvolve desde 2017 e que agora se fortalece por meio desta cooperação com os governos do Brasil, da Guiné-Bissau e dos Emirados Árabes Unidos. Este é um marco importante para a inserção da Guiné-Bissau em nossa agenda institucional e representa uma oportunidade concreta de transformação social e econômica.”
Na ocasião, João Bosco Monte também foi recebido pelo presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, a quem apresentou a proposta. O encontro foi marcado por entusiasmo e alinhamento estratégico, com o chefe de Estado expressando apoio integral à iniciativa e reconhecendo seu potencial para impulsionar o desenvolvimento nacional.
A escolha dos jovens foi conduzida pela organização guineense Tiniguena, que atua desde 1991 no apoio a iniciativas comunitárias voltadas à soberania e segurança alimentar, fortalecimento da agricultura familiar e preservação ambiental. “Selecionamos jovens com vínculo direto à cadeia produtiva do caju, priorizando aqueles já envolvidos em projetos socioambientais e com conhecimento prático do setor. Nosso objetivo é que eles retornem ao país com capacidades técnicas que impulsionem suas comunidades e fortaleçam a economia rural da Guiné-Bissau”, afirmou Miguel de Barros, presidente da Tiniguena.